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Alcoolismo

O termo alcoolismo tem uma extensão semântica maior do que significar apenas uma doença psiquiátrica.

O hábito de beber ocorre em países de clima frio para amainar os efeitos das baixas temperaturas e aquecer o corpo, desde que não transponha certos limites de consumo que levem ao exagero ou à dependência.

Como fenômeno social presente em várias culturas, senão em todas, há o hábito de beber em situações comemorativas de datas cívicas ou religiosas ou de ocasiões especiais, como casamentos, noivados, batizados, formaturas, encontros, reencontros e despedidas. Também é habitual em fins de semana, happy hours, reuniões de amigos e amigas, ocasiões especiais. Como parte da gastronomia, as bebidas são combinadas com certos tipos de pratos, seguindo certos rituais.

Em todas essas ocasiões, há certas regras de etiqueta nem sempre escritas, que procuram evitar exageros e excessos desagradáveis.

Mas o alcoolismo pode se tornar uma doença com prejuízos físicos e mentais, quando se passa do hábito ao vício ou dependência, em que se cria uma compulsão a beber sem freios de convenções e de quantidades. Nestes casos, fala-se de alcoolismo crônico ou transtorno de dependência ao álcool para designarmos uma patologia, na alçada de cuidados médicos.

O consumo de álcool nem sempre precisa ser exagerado para manifestar efeitos patológicos. Com efeito, na intoxicação patológica, pequenas doses podem desencadear reações intensas em indivíduos predispostos, com extrema explosividade e violência, às vezes seguida de amnésia parcial ou total dos atos cometidos sob a influência da bebida. Nesses casos, impõe-se a abstinência total como meio de cura e a investigação eletroencefalográfica para identificação de focos de irritação epiléptica, embora nem sempre presentes ou identificáveis.

Mas na maioria das vezes é o consumo contínuo e exagerado que leva à constituição de uma série de sinais e sintomas que irão compor o quadro do alcoolismo crônico, enquanto doença orgânica e psíquica.

Sob o aspecto mental, vai-se estabelecendo uma degeneração gradativa, que pode terminar em quadros graves, com dano cerebral associado. A doença vai se instalando com a perda progressiva do senso crítico, o indivíduo nega a progressão do consumo e a relação de atos desatinados a ele associados. A perda de freios leva à liberação de atos agressivos e libidinosos, o indivíduo se torna inconveniente sem se aperceber, passa a ser acerbamente criticado e evitado pelos que convivem com eles, suscitando uma rejeição social, com isolamento e abandono. A rejeição pela mulher desperta defesa paranoide projetiva, base do sentimento de ciúme, que chega ao delírio ciumento e agressões.

A degeneração cerebral produz déficit da memória, podendo avançar até as demências alcoólicas (síndrome de Korsakow, encefalopatia de Wernicke, demência de Marchiafava-Bignami). Os nervos periféricos podem ser afetados pela deficiência de vitamina B1, acarretando a polineurite alcoólica, com dores na pantorrilha, parestesias (formigamento), chegando à paralisia. A insuficiência de ácido nicotínico causa a pelagra, com erupções cutâneas, diarreia e demência.

A ingestão crônica de álcool pode acarretar diversas doenças orgânicas: gastrites e úlceras gástricas e duodenais, alterações hepáticas (hepatite tóxica, cirrose, ascite, varizes esofagianas, que podem levar a morte súbita por seu rompimento), pancreatite grave, doenças cardiovasculares, impotência no homem e infertilidade na mulher.

A interrupção abrupta do consumo etílico pode desencadear uma síndrome de abstinência, desde o delírio alcóolico subagudo, até o Delirium Tremens, com alucinações táteis e visuais, confusão mental, desequilíbrio hidroeletrolítico, podendo levar à morte.

O tratamento do alcoolismo inclui a desintoxicação, correção da dieta com suplementos vitamínicos, tratamento das complicações orgânicas presentes, suporte psicológico e social.

Para a prevenção da recaída já foram ensaiados métodos de condicionamento, com a provocação de vômitos por eméticos, como a apomorfina, antes de se oferecer pequena quantidade de bebida ou exposição ao odor alcoólico, o uso do antietanol e dissulfiram (Antabuse), com resultados pouco expressivos.

O Topiramato tem sido indicado para o tratamento de dependência química e alcoólica. O Acamprosato é um gabamimético, que inibe o efeito de certos neutransmissores excitatórios responsáveis pelos sintomas de abstinência ao álcool.

A Naltrexona, um antagonista opióide, pode reduzir o desejo de beber e tem produzido bons resultados, mas depende da integridade do fígado para sua utilização.

Realizamos reuniões em grupo e a participação da família é importante para o tratamento. Para determinados tratamentos realizamos o programa de passos desenvolvido por psicóloga especializada em alcoolismo e drogadição.