A depressão é geralmente confundida com tristeza. Mas ficar triste é uma reação afetiva normal, por mais doída que seja, e se consome com o trabalho de luto, quando se trata da perda de uma pessoa querida. Nada tem a fazer o psiquiatra ante esse estado de ânimo, sob pena de pretender medicalizar sentimentos, uma arrogância injustificável
Já a depressão é um estado psicológico de intenso sofrimento que pode tomar a pessoa mesmo sem nenhum motivo aparente. Ela pode seguir-se a uma perda, daí a confusão com a tristeza, mas assume aspectos diferenciais que justificam a intervenção médica. Um aspecto diferencial importante é o desânimo, a perda de interesse pelos objetos antes valorizados, até por pessoas queridas, a tendência ao isolamento, que faz o depressivo trancar-se no quarto, não querer falar com ninguém sobre qualquer assunto, não querer mais comer, sentir sono e não poder dormir, desesperar-se em noites não dormidas, perder o interesse pela própria vida, alimentando desejo de morrer, às vezes concretizado em atos suicidas, movidos por um impulso irresistível.
O mundo do deprimido é sombrio, as cores pálidas, os gostos sem sabores, o caminhar um calvário. Às vezes chora até por nímios motivos, noutras os olhos secam e não lavam as dores com as lágrimas.
Este quadro de total desinteresse, porém, é apenas uma forma de depressão em que predomina a apatia, por isso chamada depressão apática.
Mas não raro a angústia se associa ao sentimento depressivo, na forma da depressão ansiosa, em que o paciente, ao invés da inação, mostra-se desassossegado e aflito, chora desesperadamente, queixa-se e exige ser atendido, transmitindo seu desalento aos que o cercam e que não sabem como poder aplacar esse sofrimento, ficando tão atormentados quanto o doente. O doente irrita-se por não se sentir atendido e os outros a quem dirige um apelo incompreensível, igualmente se exasperam, não raro respondendo de forma irada aos apelos inatendíveis.
A autoestima se reduz e da mesma forma a capacidade de se ligar amorosamente, as relações restam estremecidas e o sentimento de solidão se acentua. Sem a possibilidade de estabelecer ligações afetuosas, a convivência fica insuportável, o isolamento parece ser a forma de evitar o convívio, mas intensifica o sentimento de solidão.
Em situações menos extremas, temos a depressão reativa, que se segue a um acontecimento doloroso, com transcurso mais benigno, sintomas menos intensos e que podem responder à psicoterapia sem o uso de medicamentos ou com seu uso provisório enquanto a psicoterapia não avança.
Em sua forma mais grave, o estupor depressivo, o paciente se assemelha à imobilidade catatônica, da qual difere pela expressão triste ou por uma simples lágrima derramada. Nesse estado de imobilidade, com recusa a toda medicação e alimentação, o paciente definha, pode chegar a estados de inanição que ameaçam sua sobrevivência. Esta é uma situação em que ainda se justifica a eletroconvulsoterapia moderna, com anestesia e curarização, que não causem danos irreversíveis, antes restituam a vida em seu amplo sentido, biológico, social e espiritual.
Felizmente, essa é uma situação extrema e, na maioria das vezes, os remédio antidepressivos trazem bons resultados, aliados a assistência psicológica e à reabilitação social.
Para finalizar, cumpre lembrar que a depressão pode ser um dos polos do transtorno bipolar, cujo nome está a indicar que existe uma alternância entre um estado de euforia e excitação, o polo maníaco, e outro de abatimento e inibição, o polo depressivo.
A mania do transtorno bipolar não deve ser confundida com o que popularmente se entende por extravagâncias do desejo, como quando se diz que alguém tem mania de se passar por rico ou por cantor ou o que valha. No sentido estrito, o polo bipolar é um estado de exacerbação do humor com intensa alegria, perda de crítica dos próprios atos, gastos excessivos, endividamentos onerosos, intensificação do desejo sexual, até a realização de atos obscenos ou atentatórios à moral, uma espécie de exagero de uma folia carnavalesca. As consequências são danosas, mas o doente não se dá conta delas, abolido que está seu juízo crítico, tanto que não reconhece a insensatez de seus atos e reage agressivamente se impedido de fazê-los. Não se julgam doentes e recusam tratamento, o que os leva à internação como medida auto-protetora.
Os maníacos são tratados com antipsicóticos ou neurolépticos e os deprimidos com antidepressivos, mas há uma complicação possível: os medicamentos para mania podem induzir uma depressão e os antidepressivos podem desembocar numa ativação da mania. Por isso deve-se associar os chamados estabilizadores de humor para impedir essas viragens para o polo oposto.
O Instituto Indaiá oferece tratamento com quetiapina para casos onde o paciente não reage aos tratamento com antidepressivos e durante anos tem a doença. Tem trazido resultados bastante animadores na maior parte de pacientes que utilizam desse medicamento. A quetiapina é um medicamento classificado como antipissicótico atípico, se segunda geração e antagonista da serotonina-dopamina.Ela age na regulação desses neurotransmissores em diferentes partes do cérebro, combatendo os sintomas de transtorno bipolar, esquizofrenia e depressão. Para maiores informações consultar nossa recepção.
Em determinados casos se recomenda o uso da Ketamina (Vide tópico específico em nosso site)